domingo, 29 de abril de 2007

REGISTROS DE 29/04/2007

  1. Faleceu na última segunda-feira, na cidade de Patos, o sr. Antônio Araújo de Melo. Comerciante durante muitos anos com a loja de calçados e artigos esportivos, a Exposição, em frente à Catedral da Guia, Araújo foi na juventude um dos maiores craques do futebol nordestino. Nascido em Campina Grande em 14 de fevereiro de 1924. Chegou a Patos com cerca de doze anos e batia bola no campo do antigo Grupo Escolar Rio Branco, onde hoje fica o Fórum Miguel Sátiro, escola onde estudava. Em 1938, chamou a atenção do diretor do Ginásio Diocesano de Patos que o levou para estudar naquele colégio, onde estudava de graça. Em 1945, enquanto servia ao Exército em Campina Grande jogou várias partidas pelo Treze. De volta a Patos em 1946, participou de uma partida em que a seleção de Patos ganhou do Santa Cruz de Recife, por cinco a quatro, tendo Araújo marcado os cinco gols da seleção local. O desempenho chamou a atenção da diretoria do Santa Cruz que o levou para jogar em Recife, tendo sido campeão pernambucano em 1947, jogando pelo tricolor do Arruda. De Recife foi contratado pelo Esporte Clube Bahia, time pelo qual foi campeão em 1948. Da Bahia voltou para a Paraíba, voltando a atuar pelo Treze, time pelo qual foi campeão paraibano várias vezes. Em Campina Grande ainda hoje é lembrado como um dos maiores craques paraibanos de todos os tempos. Em 1953, Araújo voltou definitivamente para Patos, onde exercia a profissão de alfaiate e jogava pelo Esporte Clube de Patos. Em Patos muitas vezes foi procurado pelos dirigentes dos mais diversos clubes para defender suas cores em partidas importantes, sendo levado até de avião, que muitas vezes, Araújo, exímio piloto, chegou a pilotar. Era muito freqüente ser levado para Campina Grande, onde os trezeanos o idolatravam e faziam questão de vê-lo jogar pelo seu time, mesmo sem contrato profissional. Da alfaiataria, Araújo passou ao comércio de calçados e material esportivo, época em que já casado com Dona Edite Leite, filha de Pedro Izidro, resolvera deixar os riscos do futebol para se dedicar por mais tempo à família. Para não perder o pique continuava a participar das partidas locais do Esporte de Patos, de cuja torcida era um verdadeiro ídolo, jogando no campo do Ginásio Diocesano que o revelara para o estrelato. Araújo ainda batia bola nas peladas do Campestre Clube até uns dez anos atrás. Eu ainda tive o prazer de vê-lo jogar no campo do Ginásio em partidas amistosas no início da década de sessenta. Como comerciante era de uma integridade a toda prova. Nos meus tempos de adolescente comprei vários sapatos em sua a Exposição. Era lendário o seu preço fixo. Não adiantava “pedir menos” pois o preço dele era fixo e não tinha nenhuma intenção de enganar os clientes, como dizia. Participou de todos os movimentos sociais, esportivos, empresariais dos últimos cinqüenta anos, sendo uma referência pela sua integridade. Homem simples, nunca renegou suas amizades de campo de futebol, fosse um médico, um comerciante ou cidadão comum. Até os ex-companheiros de jogos e peladas que decaíram na bebida, recebiam dele uma palavra de estimulo e de carinho. Identificado com a cidade de Patos, só deixou amigos e admiradores. Do seu casamento com dona Edite Leite, nasceram quatro filhos: Marcos Araújo (várias vezes secretário de Educação do Município), Marconi Araújo (um grande artista que faleceu relativamente novo), Paulo de Tarso e Tarsiana. Todos formados e bem casados. Marcos e Marconi foram meus alunos no antigo Colégio Estadual de Patos. Marcos, meu velho amigo, herdou a integridade e seriedade do pai. Marconi era o artista da família. Com os demais não tenho maior aproximação. Infelizmente, nenhum deles herdou do pai as qualidades de um grande jogador de futebol. Completo sob todos os aspectos. Um dos maiores orgulhos de Araújo era nunca ter sido expulso de um campo de futebol. Coisa raríssima, hoje como ontem, principalmente, para quem, como ele brigava, dentro da grande área, enfrentando os mais viris zagueiros do futebol nordestino. O sepultamento de Antônio Araújo de Melo, o jogador Araújo de minha meninice, aconteceu no final da tarde de terça-feira, com grande acompanhamento de parentes, amigos e admiradores.
  2. Faleceu na última quinta-feira, 27/04/2007, em João Pessoa, o meu velho companheiro aposentado do Banco do Brasil, Manoel Felipe de Araújo Neto. “Seu Neto” como era chamado pelos clientes da Carteira Agrícola do Banco do Brasil, na década de setenta, era um caicoense, que chegou a Patos ainda jovem e aqui se fez patoense com o casamento com Jaci Cavalcanti, irmã do empresário Hardman Cavalcanti. Durante vários anos ele trabalhou na Carteira Agrícola (antiga Creai), de onde foi chefe por muito tempo. Era um homem simples, que atendia bem a todos, embora, ás vezes, perdesse a paciência, o que era raro, com alguns poucos. Acometido de um problema da coluna que o fazia cada vez mais envergado, Neto terminou aposentado por invalidez, vindo residir na capital do Estado onde faleceu esta semana. Na capital do Estado, recebia a visita freqüente dos amigos patoenses, com quem se mantinha atualizado com tudo o que acontecia na cidade, ao mesmo tempo que exercitava o seu humor mordaz. Nos últimos tempos, as visitas dos amigos vinha rareando, o que, certamente contribuiu para o seu definhamento final. Nos últimos tempos suas poucas alegrias se resumiam a uma neta tardia, com quem “caducava”. Neto deixou quatro filhos, um dos quais, Zé Emídio, era meu companheiro de trabalho no Ministério, onde dirigia o setor de informática. Durante o seu velório no São João Batista, grande número de amigos e patoenses foram levar as condolências aos seus familiares e vê-lo pela última vez. O sepultamento aconteceu no final da tarde de sexta-feira, na capital do Estado.
  3. No último domingo, foi celebrada na Igreja de Fátima, em Patos, a missa de trigésimo dia por alma do professor Luiz de França. No convite que, infelizmente, só recebemos esta semana, pois estivemos ausente da cidade por cerca de quinze dias, os familiares registraram: “Cumpriste, da forma mais digna, a tua missão na terra e deixaste-nos o exemplo de amor. Tenha a certeza de que jamais sairás do nosso coração, pois com enorme orgulho seremos sempre uma parte do teu próprio ser. Que Deus te cubra de bênçãos e um dia completaremos a nossa felicidade, no encontro que põe fim a saudade, hoje traduzida em lembranças”. Temos certeza que o exemplo de dignidade do Professor Luiz de França marcou profundamente todos os que o conheceram.
  4. Registramos o aniversário na última segunda-feira, 23/04, da belíssima Vanessa, neta do nosso velho amigo Zé da Trompa. Vanessa fez quatorze anos, rodeada do carinho de familiares e amigos.
  5. Recebemos o último livro do confrade Wandecy Medeiros: Fulano, Beltrano e Sicrano. Como ele mesmo registra a guisa de introdução, “Fulano, Beltrano e Sicrano é uma compilação, revista e corrigida, quase aleatória, de textos, charges e trechos de artigos e entrevistas publicados por mim no periódico mensal Folha Patoense, num período de dez anos: de 1997 a 2007”, Fulano, Beltrano e Sicrano é o nono livro de Wandecy, de 1998 até agora, sendo cinco de poesia, um de biografias, um de aforismos e outro de crônicas além da compilação atual.